GEOMANCIA - A História
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A palavra "geomancia", advém do grego = geōmanteía. Traduz literalmente em "advinhação pela terra" - uma tradução do termo árabe ‛ilm al-raml , ou a "ciência da areia".
As submissões gregas anteriores dessa palavra apontavam diretamente a palavra árabe raml (areia), tornando-a como rhamplion ou rabolion . Outros nomes árabes para geomancia incluem khatt al-raml e darb al-raml . Os nomes originais das simbologias na geomancia do Oriente Médio eram tradicionalmente em árabe, excluindo a origem persa. A referência nos textos herméticos ao mítico Ṭumṭum al-Hindi aponta potencialmente para uma origem indiana, embora B. F. Skinner (psicólogo behaviorista), achasse isso improvável. Para ele, ter uma origem islâmica ou árabe seria mais plausível, uma vez que as rotas comerciais amplas dos comerciantes árabes facilitaria o intercâmbio de cultura e conhecimento.
Acadêmicos e universidades europeias começaram a traduzir textos e tratados em árabe no início da Idade Média, incluindo os de geomancia. O arcebispo Isidoro de Sevilha (560 d.C ) enumerou a geomancia com outros métodos de adivinhação incluindo piromancia, hidromancia, aeromancia e necromancia - sem descrever sua aplicação ou métodos. O poema Experimentarius de Bernardus Silvestris (filósofo platônico e poeta séc. XII), foi uma tradução em verso de uma obra sobre geomancia astrológica. Um dos primeiros discursos sobre geomancia traduzidos para o latim foi o Ars Geomantiae de Hugh Santalla no séc. XII. Seguindo essas descrições, tudo indica que a geomancia foi na época um sistema de adivinhação estabelecido nas regiões onde predominava o idioma árabe da África e do Oriente Médio.
Outros tradutores, como Gerard de Cremona também produziram novas traduções sobre geomancia, incorporando elementos e técnicas astrológicas. A partir dele, mais estudiosos europeus estudaram e aplicaram a geomancia, juntamente com outros filósofos, ocultistas e teólogos até o século XVII, quando os interesses no ocultismo e na adivinhação começaram a diminuir devido ao surgimento da Revolução Científica e à Era do Iluminismo.
A geomancia passou a se destacar no século XIX, quando houve um interesse maior pelo ocultismo devido aos trabalhos de Robert Thomas Cross (astrólogo britânico), Edward Bulwer-Lytton (escritor e político inglês) e Franz Hartmann (médico, teosofista, ocultista, geomante e astrólogo). Hartmann publicou seu texto, The Principles of Astrological Geomancy (Os Princípios da Geomancia Astrológica). Com base neste e em alguns textos mais antigos, a Ordem Hermética da Aurora Dourada (sociedade secreta dedicada ao estudo e prática das atividades ocultas, metafísicas e paranormais) durante o final dos sécs. XIX e XX iniciou a tarefa de recordar o conhecimento da geomancia junto com outros assuntos ocultos. Aleister Crowley (ocultista inglês) publicou em seus trabalhos a integração de vários sistemas ocultos de conhecimento. No entanto, devido ao pouco tempo em que os membros da Ordem Secreta desejavam aprender, praticar e ensinar as antigas artes ocultas, muitos sistemas elaborados de adivinhação e ritual precisavam ser compactados, perdendo muito no processo. De fato, eles reduziram a geomancia de uma arte complexa de interpretação e habilidade no reconhecimento de padrões para procurar respostas predefinidas com base em pares de figuras.
Como outros sistemas de adivinhação, a geomancia tem associações mitológicas. De acordo com um texto hermético árabe, Hermes Trismegistus sonhou com o anjo Gabriel. Hermes pediu para ele o esclarecimento, e o anjo começou a desenhar uma figura geomântica. Ao ser perguntado o que ele estava fazendo, Gabriel instruiu Hermes nas artes geomânticas. Mantendo esse segredo, ele procurou Ṭumṭum al-Hindi (rei indiano), autor livro sobre geomancia. Este livro foi passado através de círculos clandestinos para as mãos ao escritor Khalaf al-Barbarĩ, que viajou para Medina e foi convertido ao Islã pelo profeta Muhammad. Confessando conhecer uma arte divinatória, ele explicou que os profetas pré-islâmicos conheciam a geomancia e que, aprendendo a geomancia, poderia "conhecer tudo o que o profeta sabia".
Outra história mitológica para a origem da geomancia envolve novamente Hermes - depois de orar a Deus para que lhe desse um meio fácil de ganhar a vida, Hermes descansou um dia. Entediado e sem trabalho, começou a desenhar figuras na areia. Ao fazê-lo, um estranho apareceu diante dele e questionou o que ele estava fazendo. Ele respondeu que estava simplesmente se divertindo, mas o estranho respondeu que estava fazendo um ato muito sério. Incrédulo Hermes tentou negar o ato, porém o estranho explicou o significado da figura desenhada. Em seguida, o estranho pediu que Hermes desenhasse outra figura e ao fazê-lo, novamente explicou o significado da outra imagem e assim permaneceram até que as 16 simbologias fossem desenhadas e interpretadas pelo estranho. Passo a passo o estranho ensinou como formar as simbologias regularmente e todas as suas interpretações e destacou a Hermes que “todas as coisas não podiam ser conhecidas apenas com os sentidos físicos”. Depois de testar o novo conhecimento e a habilidade da geomancia em Hermes, o estranho se revelou como o anjo Gabriel e desapareceu. Hermes grato a Deus e a seu mensageiro por ter aprendido através dele a Arte da Geomancia, guardou para si os mistérios não revelando a ninguém. Porém antes de falecer ele publicou um livro descrevendo a geomancia tão quanto o anjo Gabriel o havia ensinado.
Ao longo da evolução e migração da geomancia, vários contos e peças incorporaram aspectos da arte em suas histórias: Em Mil e Uma Noites, o mago africano e seu irmão usaram a geomancia para encontrar Aladdin a fim de lhe causar danos. Shakespeare e Ben Jonson também eram conhecidos por usarem a geomancia para alívio cômico. A Divina Comédia de Dante fez uma referência passageira à geomancia.
Bênçãos Plenas
Simone G. Pedrolli
Guia da ascensão em missão da Luz e dos caminhos a transformação da consciência imantada pelos "Decretos Divinos".