Alfabeto Futhark
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A FILOSOFIA
Na cosmovisão germânica pré-cristã, a palavra falada possuía poderes. Expressar um pensamento era torná-lo parte estrutural da realidade.
“O impacto de uma frase pronunciada em voz alta não poderia ser questionado e nunca poderia ser retirado. Era como se tornasse de alguma forma físico”, descreve a escritora escandinava Catharina Raudvere.
Nesse conceito reaprendemos que a expressão é um elemento fundamental e inevitável da percepção. Nada mais que os poderes criativos inerentes e divinos das palavras - aquilo que decretamos, acontece! Portanto temos aqui a condução tácita de que...
PALAVRAS CRIAM O DESTINO!
“As runas representam arquétipos atemporais e sutis, que servem como portais mágicos de percepção e expansão da consciência humana”.
Mirella Faur em Ragnarok - O Crepúsculo dos Deuses
“Ao lançador de runas (...) está o suscetível despertar dos poderes latentes da percepção sensorial dos símbolos arquétipos, inscritos no inconsciente coletivo”
Maria Lucília F. Meleiro - A mitologia dos povos germânicos
“O símbolo é sempre proteiforme, polivante, ambíguo (...) no mundo dos símbolos. Tudo é cultural e deve ser estudado em relação à sociedade que dele faz uso (...) nada funciona fora do contexto”
Michel Pastoureau.
Em todas as línguas germânicas a palavra "runa" (*runo em protogermânico) significa "letra" e "segredo" ou "mistério". Embora a palavra "runa" signifique "letra" e sua característica no mundo contemporâneo seja a composição de um alfabeto, ela vai além quando os olhos se voltam para o princípio da existência... seu valor é "interno", “sagrado”, “secreto”.
- Cada runa é um símbolo ideográfico ou pictográfico do poder oculto, que também compreendemos por cosmológico - o código em poder da mensagem silenciosa do indizível áurico.
Eis o significado original e anunciador do “alfabeto rúnico”.
Partindo de que toda informação literária é antiga, mas a vida humana é primitiva e nós não estávamos presentes fisicamente... tudo o que impresso está aos percursores da Era Viking, resume-se em "suposições". Apesar de toda filosofia, alteração em seu visual e nomenclaturas incorporadas pelas interferências inerentes aos aspectos culturais às miscigenações das raças, crenças... Alfabeto Futhark está muito além do que apenas letras no sentido em que hoje entendemos o termo.
RUNAS
Simbologias distintas, específicas, significativas e sagradas.
RUNAS X SAGAS E EDDAS
Era Viking
"As runas nunca foram inventadas, são forças eternas e preexistentes que o próprio Odin descobriu através de seu auto sacrifício."
Hávamál
Uma grande parte do conhecimento esotérico, místico e neopagão sobre runas, provém de leituras sobre as Sagas islandesas e a Edda poética.
"Odin fora o Deus dominante nos panteões de muitas tribos germânicas no primeiro século."
Públio Cornélio Tácito
Se as runas e o culto de Odin surgiram juntos ou se o último antecedeu o primeiro, é de pouca importância para o propósito da liberdade da crença.
"Se Odin fora o primeiro e sempre o mago mais elevado, percebemos que as runas por mais recentes que se apresentem, seria de seu domínio. Implementos novos e particularmente eficazes para trabalhos mágicos tornariam por definição e sem contestação, uma parte de seu domínio. Odin poderia ter sido o patrono, o possuidor por excelência deste formidável poder secreto e sabedoria oculta, antes que o nome desse conhecimento se tornasse o nome técnico de signos fonéticos e mágicos que vieram dos Alpes ou de outro lugar, jamais perdendo seu antigo sentido mais amplo."
Georges Dumézil
EDDA POÉTICA HÁVAMÁL
Nórdico Antigo
Estrofe - 138
"Veit ek at ek hekk
vindga meiði á
nætr allar níu
geiri undaðr
ok gefinn Óðni
sjálfr sjálfum mér
á þeim meiði
er manngi veit
hvers hann af rótum renn"
Estrofe - 139
"NVið hleifi mik sældu
né við hornigi
nýsta ek niðr
nam ek upp rúnar
œpandi nam
fell ek aptr þaðan."
Estrofe - 141
"Þá nam ek frævask
ok fróðr vera
ok vaxa ok vel hafask
orð mér af orði
orðs leitaði
verk mér af verki
verks leitaði"
EDDA POÉTICA HÁVAMÁL
Tradução do Nórdico Antigo para o Português - 20.05.2013
(Historiador Elton O.S.Medeiros)
Estrofe - 138
Eu sei que eu pendi
numa árvore balançada pelo vento
por nove noites inteiras,
ferido por uma lança,
e dedicado a Odin,
eu mesmo a mim mesmo;
naquela árvore
que não sei
de onde suas raízes vêm.
Estrofe - 139
"Eles não me consagraram com pão
nem com qualquer chifre;
eu contemplei lá embaixo,
eu peguei as runas,
gritando as peguei
e de lá eu cai."
Estrofe - 141
"Então eu comecei a entender
e fiquei sábio
e cresci e prosperei muito bem,
minhas palavras a partir de palavras
e palavras encontrei,
minhas proezas a partir de proezas
e proezas encontrei."
Muitos livros e outros recursos estão disponíveis nos tempos atuais para um estudo mais profundo, entretanto... este universo vai além quando associamos a etimologia a Odin.
Leia ou baixe na integra Hávamál
Copilado do Nórdico Antigo para o Português por Elton Medeiros.
RUNAS X ESCRITA
Pela condição do alfabeto rúnico ter variado ao longo dos ciclos, atualmente os runólogos costumam trabalhar com três variações básicas desse alfabeto, as quais são chamadas de Futhark em referência as primeiras letras que o formam. O termo Futhark não é de origem medieval, foi criado para se referir a este alfabeto.
Através dos artefatos encontrados, estudiosos acreditam que o conteúdo e motivo das runas variavam em sua utilização. Gravações foram identificadas em madeira, metal, osso, pedra, pergaminho e objetos diversos tais como: espadas, escudos, elmos, broches, amuletos, joias, pentes, facas, utensílios domésticos, navios, barcos, paredes (...), alterando de acordo com o suporte material que se encontrava na época. Aos achados estão atribuídas marcações distintas em frases curtas que informavam: posse de um objeto, boa sorte ou proteção, homenagens póstumas ou congratulações, magia, marcação de rotas, acontecimentos políticos ou militares e entre tantas atividades que as consciências das tribos às atribuíssem.
Runas também foram usadas para escrita de textos mais longos, como poemas e até crônicas ou outros tipos de narrativas. Temos como exemplo o manuscrito danês “Codex Runicus” ou Códice Rúnico (XIII), que em suas 101 páginas foram escritas com o alfabeto rúnico apresentando o código jurídico medieval da Terra da Escânia, uma lista de reis daneses, dois documentos sobre a fronteira entre a Dinamarca e a Suécia (...).
TRÊS FUTHARKS PRINCIPAIS
- Elder (antigo) Futhark - 24 runas: primeiro alfabeto rúnico totalmente formado, cujo desenvolvimento iniciou no primeiro século EC sendo concluído antes do ano 400. Utilizado em território germânico e escandinavo, difundido da Suíça até a Suécia.
- Novo Futhark - 16 runas: começou a divergir do Elder Futhark por volta do início da Era Viking (c. 750 DC) e eventualmente substituiu o Elder Futhark na Escandinávia.
- Futhorc anglo-saxão - 33 runas: gradualmente alterado e adicionado ao Elder Futhark na Inglaterra.
ELDER FUTHARK
24 símbolos compostos com nomenclaturas e fonemas.
AS COMBINAÇÕES RÚNICAS
Além dos aspectos históricos da runologia, incorporado estão os "sigilos mágicos". De posse ao conhecimento do alfabeto e seu poder, as tribos antigas passaram a desenvolver combinações rúnicas na intenção de obterem força maior advinda de seus ancestrais e do plano astral. Com o objetivo de conquistas, sucesso, sentimentos, relacionamentos e entre outras intenções... manipulavam talismãs, amuletos e escudos de proteção. Dentro desta contextualização comprovada pelos historiadores mesmo que supostamente, o Alfabeto Futhark "retorna" ao seu estado ancestral primitivo e torna-se útil como Instrumento de Poder.
NOTA - Todas as respostas no decifrar conteúdos de um sigilo encontrado nos artefatos, inscrições em pedras, grimórios (...), são meras hipóteses. Haja vista que tais combinações são distintas em poder ao autor e ninguém mais - nasce e morre com o magista.
Na reflexão acadêmica, grande parte do conhecimento antigo se perdeu no vácuo da modernidade. Pois afirmo que o conhecimento desconhecido pela ciência, chama-se sabedoria interna - a verdade sagrada que jamais deixou de ser presente.
Referência de Texto
Kevin Daveis. Runes, Magic, and Divination.
Elton Medeiros. Tradução Hávamál.
Henrik Williams.Reasons for runes.
Johnni Langer-FPB/NEVE
Tineke Looijenga. Texts & Contexts of the Oldest Runic Inscriptions
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